Quando Amanda entrou no quarto
Alice ainda dormia
A sombra azul nas pálpebras
Contra a luz azul do dia.
E os lábios num inchaço
De sono, vinho e sexo.
Reclamei o meu espaço
E inventei coisas sem nexo
Mas Amanda ficou quieta
Olhando Alice nua.
Atirou-me uma cueca
E foi chorar na rua
À noite levei rosas
Prometi o que não podia
Amanda silenciosa
Me abraçou sem energia
Quando foi na livraria
Viu Alice atrás de um livro
Falou com ironia
Do meu beijo e meu colchão
Mas Alice num sorriso
Desmanchou a agressão
Os lábios num inchaço
de batom, poema e sexo
abrindo num aviso
de que tudo é mais complexo
Fechou os olhos devagar,
Cobrindo Amanda de azul.
Alice procurou o maço
Sorrindo depois de amar
Puxou o lençol num cansaço
Cobrindo Amanda de azul.
Festa de um desconhecido,
Amanda entrou no terraço,
Olhou no céu a lua
E Alice nos meus braços
Disse: a gente se habitua
E entrou no nosso abraço.
Declarou sua paixão
Entre beijos de euforia
E apertando nossa mão
Quis tirar fotografia.
Um flash colorido
Cobrindo Amanda de azul.
E o retrato envelhecido
Em cima do aparador
O tempo todo disse:
Adriano, Amanda e Alice
Inesquecível Amor.
Chega a noite e me deito
Com Amanda nos braços
E Alice entra de um jeito
Já seis pernas em laço
Apaga a luz amarela
E fica a luz da janela
Cobrindo Amanda de Azul.
Um comentário:
Amor, quanto mais eu leio, mais eu gosto dessa música.
Só tenho uma ressalva sobre o verso da cueca, dá uma quebrada cômica meio deslocada, mas isso fica a seu critério.
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