Nesta madrugada de repente eu tenho 25 anos e escrevo uma carta para mim. Uma carta que eu poderia me escrever aos 15 anos, que eu poderia me escrever aos 35. Uma carta absolutamente necessária para mandar lembranças a algumas daquelas que eu fui e que agora me fazem tanta falta.
Escuta, eu quero que você feche os olhos e sinta os próximos 25 anos chegando com todas as verdades que você merece, porque eu tenho certeza que você merece todas as verdades que escondeu de você esse tempo todo. Hoje de repente você tem 25 anos e está escrevendo uma carta para mim como se tivesse 15, com a mesma dor de quando tinha 15, mas sabendo que de repente 35, e que é preciso apontar direito a mira desse canhão furioso antes que você saia em disparada contra o próprio peito, a bomba fervendo em mil estilhaços de espelho.
Quero que você acorde e sinta os olhos mais firmes, os lábios mais precisos, o abraço mais livre. Quero que escancare as janelas e grite todo o seu desapego de tudo que te consome, que te exaure, que suga o teu tempo e energia. Amanhã você é uma mulher e é preciso abandonar tanta fantasia, é preciso parar de fugir da própria paz como se o silêncio do espírito fosse fazer saltar aos olhos a singeleza, a mesquinharia que é de fato a felicidade.
Amanhã você vai aceitar o amor e suas banalidades, vai olhar pro seu reflexo e não esperar nada além do que pode e deve ser, porque não é preciso muito mais do que isso. E vai tomar de volta nas mãos os seus minutos, cada um deles, porque eles são somente seus, e eles escoam, eles correm, e a última coisa que você quer é sentir ainda as mesmas dores quando forem 35, 45 anos de idade, essas mesmas dores dos 15; a dor de quem não percebe nem valoriza no próprio pulso inquieto o giro irrefreável dos ponteiros.
5 comentários:
OS PONTEIROS GIRANDO NUMA VELOCIDADE ABSURDA, E DEPOIS DOS 50, TANTAS DORES AINDA, AS PERGUNTAS QUE NÃO TIVERAM RESPOSTAS, UM ESTADO CONSTANTE DE INQUIETAÇÃO. TALVEZ ESTE O ETERNO MISTÉRIO, O TEMPO...O TEMPO... A VIDA...NÓS...
ANA
... e está cada dia mais linda.
... mas... infelizmente nunca falou cmg...
e de repente, nunca mais que de repente...
Página virada.
Postar um comentário